3 de ago. de 2020

Apple foi processada por uma empresa da China que luta pelas patentes da Siri

Uma empresa de Xangai que recebeu recentemente uma patente chinesa para um assistente de voz semelhante ao da Apple, a Siri, entrou com uma ação por violação de patente contra a empresa de Cupertino. Se a ação for bem sucedida, a empresa chinesa poderá impedir que a gigante americana de tecnologia venda muitos dos seus produtos no seu mercado mais importante fora dos EUA.

O valor pedido de indemnização por danos estimados ronda os 1,43 mil milhões de dólares. Em causa estão os produtos da fabricante do iPhone e iPad que violaram uma patente que a empresa chinesa de inteligência artificial possui para um virtual assistente, cuja arquitetura técnica é semelhante à da Siri.

Imagem iPhone com Siri sobre bandeira da China que dizem ter patente de outra empresaShanghai Zhizhen quer que a Apple pague 1,43 mil milhões de dólares

A Shanghai Zhizhen Network Technology disse hoje que está a processar a Apple por danos estimados em 10 bilhões de yuans num tribunal de Xangai. A empresa de inteligência artificial alega que a Apple usa tecnologia na Siri que é patenteada por si.

Segundo a empresa da China, o assistente virtual da gigante de Cupertino possui arquitetura técnica semelhante ao assistente virtual da Shanghai Zhizhen Network Technology.

A Apple capacitou a Siri com a funcionalidade de se ativar a partir de um comando de voz nos dispositivos iPhone, iPad, computadores, etc. Os utilizadores podem usar assim a sua voz para ditar mensagens de texto ou definir alarmes nos seus mais variados dispositivos.

Assim, a Shanghai Zhizhen, também conhecida como Xiao-i, pediu à Apple para parar as vendas, produção e o uso de produtos que desrespeitam a patente. De referir que a Siri faz parte de praticamente todos os dispositivos da empresa norte-americana.

O Supremo Tribunal da China decidiu no final de junho que Xangai Zhizhen detém a patente para o assistente virtual na China. A decisão pôs fim a uma batalha judicial de oito anos entre as duas nos tribunais chineses.

Pese o facto de o processo ir em frente, um ex-juiz chinês diz que é improvável que uma tentativa de banir a Siri tenha sucesso. Isto porque, embora o tribunal tenha decidido que a patente da empresa chinesa seja válida, esta tecnologia subjacente à patente da Siri poderá ser diferente o suficiente para decidir em favor da Apple.

Imagem do CEO da Apple, Tim Cook, a falar da China

 China é o mercado externo mais forte da Apple

A China é o mercado de vendas externas mais importante da Apple, perdendo apenas para o mercado doméstico. A marca americana possui um retorno considerável da China, embora recentemente tenha visto a Huawei fazer-lhe uma maior concorrência. Segundos os dados, a Huawei superou a Apple na China e tornou-se a maior vendedora mundial de smartphones, no segundo trimestre do ano, ultrapassando a Samsung.

Segundo os valores apresentados pela Apple na semana passada, as vendas na China subiram ligeiramente para 9,33 mil milhões de dólares. Assim, este valor representa cerca de 16% da sua receita total nos três meses findos em 27 de junho. Por trás desta subida estarão descontos nos modelos do iPhone 11 e a recuperação da China relacionada com novo coronavírus.

Apple store chinesa

 

Guerras entre os EUA e a China agudizam-se

Desde há mais de um ano, temos visto muitos conflitos sobre propriedade intelectual, tecnologia e segurança entre os EUA e a China. Na sexta-feira passada, o presidente Trump ameaçou proibir a app chinesa TikTok por razões de segurança nacional. No entanto, na corrida pela app estaria a Microsoft. Assim, no momento, reina a confusão, Trump mandou interditar a aquisição da appe a Microsoft ficou numa posição desconfortável.

A Apple teve três ações judiciais relacionadas com propriedade intelectual na China desde 2012. A primeira ação levou a empresa da maçã a concordar em pagar 60 milhões de dólares para resolver uma disputa de marca registada com a empresa chinesa Proview International Holdings Ltd. Esta reivindicou a propriedade do nome “iPad” na China.

Quatro anos mais tarde, a gigante de Cupertino perdeu outra batalha de marca registada. Na altura um tribunal de Pequim decidiu a favor de uma empresa chinesa, Beijing Xintong Tiandi Technology, que produzia bolsas, estojos para smartphones e outros artigos de couro com o rótulo “IPHONE”.

Portanto, agora, tendo em conta que nas duas anteriores não ganhou nenhuma, a empresa poderá ter de desembolsar mais uns milhões para resolver o problema.

Fonte: Pplware.