A comunidade internacional já apontou o dedo à forma desastrosa como os EUA abandonaram o Afeganistão deixando os afegãos à mercê das investidas dos Talibãs. O mundo olha para o retorno deste grupo extremista com preocupação, principalmente porque têm agora em mãos muita informação das pessoas, como, por exemplo, uma base de dados de impressões digitais.
Os Talibãs capturaram bases de dados de reconhecimento facial e dispositivos de impressão digital deixados à pressa pelas forças americanas. O Face ID poderá ajudar a proteger os aliados.
Talibãs têm nas mãos base de dados biométricos de afegãos aliados
Um dos muitos problemas ocorridos com a tomada do poder no Afeganistão pelos extremistas Talibãs foi o material de identificação dos afegãos deixado para trás.
Estas bases de dados de impressões digitais e reconhecimento facial poderão ser usadas para identificar quem colaborou com as forças da coligação, representando um alto risco de represálias.
Depois de se saber que existe uma base de dados desta natureza nas mãos dos Talibãs, uma organização de direitos humanos afirma que existem medidas que os afegãos podem tomar para tentar se proteger. Então, a tecnologia da Apple, o Face ID, poderá desempenhar um papel importante.
Segundo o que foi divulgado pelo Intercept, foram já apreendidos kits de biometria usados pelas forças americanas no país.
O site refere que os Talibãs apreenderam dispositivos biométricos militares dos EUA que podem ajudar na identificação de afegãos que colaboraram com as forças da coligação.
Um soldado do exército dos EUA examina os olhos de um residente afegão com um Sistema Automatizado de Identificação Biométrica durante uma missão em Turkham, Afeganistão, a 6 de outubro de 2011. Foto: Tauseef Mustafa/AFP via Getty Images
HIIDE, ferramenta portátil de identificação biométrica
Este dispositivo conhecido como HIIDE, equipamento portátil de deteção de identidade entre agências, foi apreendido na semana passada durante a ofensiva do Talibã.
Esta informação foi confirmada por um oficial do Comando de Operações Especiais Conjunto e três ex-militares dos EUA. Estes mostraram a sua preocupação com a possibilidade do uso de dados confidenciais neles contidos pelos Talibãs.
O HIIDE contém dados biométricos de identificação, como leitura da íris e impressões digitais, bem como informações biográficas. Estes dados são usados para o acesso a grandes bases de dados centralizadas.
O governo parece ter recolhidos dados biométricos dos afegãos, para auxiliar os esforços diplomáticos, além daqueles que trabalham com os militares.
Contudo, não está claro o quanto a base de dados biométrica das Forças Armadas dos EUA sobre a população afegã foi comprometida.
Processámos milhares de habitantes locais por dia, tivemos de identificar, rastrear para identificar suicidas, armas, recolha de informações, etc. [O HIIDE] foi usado como uma ferramenta de identificação biométrica para ajudar a identificar os habitantes locais que trabalhavam para a coligação.
Explicou oficial militar dos EUA.
Face ID da Apple poderá ajudar os aliados afegãos
Apesar de ser uma sugestão de desespero, a organização Human Rights First sugere várias medidas para as pessoas que fazem parte dessa base de dados mudarem a sua aparência.
Quando estiverem em zonas vigiadas por câmaras de segurança, devem desviar o olhar para o chão, para dificultar a identificação por videovigilância. Recomenda-se o uso de produtos de maquilhagem para tentar mudar a forma real ou aparente do rosto.
É aqui que o Face ID poderá ajudar. Se as alterações conseguirem enganar a tecnologia da Apple, é provável é que a identificação facial usada pela tecnologia dos EUA também não os reconheçam, apesar do sistema militar ser mais completo e complexo, recorrendo a várias tecnologias mais avançadas.
O teste poderá ser feito num iPhone até haver uma altura em que a pessoa não seja reconhecida pelo Face ID. É um método "simplista", mas que poderá ajudar a "esconder" um rosto de alguém que os Talibãs vão querer conhecer.
Muitas vezes foi tema de alerta. As forças militares dos EUA criam base de dados de identificação dos cidadãos nas zonas de conflito que podem depois cair em mãos erradas. Agora, estes dados poderão ser uma sentença de morte para os afegãos que durante 20 anos ajudaram a coligação a libertar o Afeganistão.
Fonte: Pplware.