16 de jun. de 2021

Ativistas acusam Apple de censurar apps LGBTQ+ em 152 países


 Ativistas estão acusando a Apple de remover aplicativos LGBTQ+ da App Store e de não atuar contra a censura de governos. Em relatório publicado na última segunda-feira (14), o Fight for the Future, grupo de defesa sem fins lucrativos, e o GreatFire, que monitora bloqueios na China, destacam 1377 casos em 152 países. Ao todo, 50 apps voltados a esse público, incluindo os mais populares, se encontram indisponíveis em uma ou mais lojas.

"A maioria das App Stores em que o maior número de aplicativos é bloqueado coincide com países que já estão em posição inferior na lista de direitos humanos para a comunidade queer", destaca o documento, citando Níger e Coreia do Sul, nos quais houve a legalização da orientação sexual, mas que apresentam altos índices de restrições.

Benjamin Ismail, diretor de campanha e defesa do GreatFire, disse ao Protocol que, embora a China seja conhecida pela censura generalizada, é surpreendente que o país proíba mais aplicativos LGBTQ+ na App Store do que outros que criminalizam a homossexualidade. Por lá, foram encontrados 27 casos, enquanto a Malásia registrou apenas sete. A Arábia Saudita lidera com 28 proibições de apps.

"Supomos que a posição da Apple varia em diferentes países e que a empresa se sente mais confortável em ignorar/recusar/atrasar alguns pedidos de determinados governos em relação a outros", salienta. Das 10 App Stores mais censuradas, seis estão presentes em regiões da África subsaariana.

Empresa da Maçã se sentiria mais confortável com alguns governos.Empresa da Maçã se sentiria mais confortável com alguns governos.Fonte:  Freepik 

O que diz a Apple?

Dentre os aplicativos menos disseminados estão weBelong – Find Your Community (indisponível em 144 App Stores); Hinge: Dating & Relationships (135); Qutie – LGBT Dating (115); Adam4Adam Gay Dating Chat A4A (80); e Trans – Transgender Dating (77).

Em sua defesa, a Apple alega haver inconsistências no levantamento e que a companhia não removeu os 27 apps mencionados na China. Além disso, dos 64 elencados, apenas quatro sofreram sanções por questões legais – e desenvolvedoras, geralmente, é que controlam a disponibilidade de suas soluções.

Em alguns casos, complementa a empresa da Maçã, os responsáveis optam por retirar seus apps das lojas para prevenirem problemas com a justiça local ou protegerem seus usuários. Ademais, Grindr e Scruff, ambos LGBTQ+, parecem estar no mundo todo, indica o 9to5Mac.

Por fim, alguns publishers deixaram de apresentar queixas à big tech ao descobrirem que suas aplicações "caíram" por acharem que a discussão não surtiria efeito, explica Ismail, que, ainda assim, reconhece: "outros nos disseram que não colocaram seus apps na China por temerem que isso causasse problemas (e possivelmente colocasse aplicativos inteiros em apuros, inclusive em mais países)."

Fonte: Tecmundo.