Ativistas estão acusando a Apple de remover aplicativos LGBTQ+ da App Store e de não atuar contra a censura de governos. Em relatório publicado na última segunda-feira (14), o Fight for the Future, grupo de defesa sem fins lucrativos, e o GreatFire, que monitora bloqueios na China, destacam 1377 casos em 152 países. Ao todo, 50 apps voltados a esse público, incluindo os mais populares, se encontram indisponíveis em uma ou mais lojas.
"A maioria das App Stores em que o maior número de aplicativos é bloqueado coincide com países que já estão em posição inferior na lista de direitos humanos para a comunidade queer", destaca o documento, citando Níger e Coreia do Sul, nos quais houve a legalização da orientação sexual, mas que apresentam altos índices de restrições.
Benjamin Ismail, diretor de campanha e defesa do GreatFire, disse ao Protocol que, embora a China seja conhecida pela censura generalizada, é surpreendente que o país proíba mais aplicativos LGBTQ+ na App Store do que outros que criminalizam a homossexualidade. Por lá, foram encontrados 27 casos, enquanto a Malásia registrou apenas sete. A Arábia Saudita lidera com 28 proibições de apps.
"Supomos que a posição da Apple varia em diferentes países e que a empresa se sente mais confortável em ignorar/recusar/atrasar alguns pedidos de determinados governos em relação a outros", salienta. Das 10 App Stores mais censuradas, seis estão presentes em regiões da África subsaariana.
O que diz a Apple?
Dentre os aplicativos menos disseminados estão weBelong – Find Your Community (indisponível em 144 App Stores); Hinge: Dating & Relationships (135); Qutie – LGBT Dating (115); Adam4Adam Gay Dating Chat A4A (80); e Trans – Transgender Dating (77).
Em sua defesa, a Apple alega haver inconsistências no levantamento e que a companhia não removeu os 27 apps mencionados na China. Além disso, dos 64 elencados, apenas quatro sofreram sanções por questões legais – e desenvolvedoras, geralmente, é que controlam a disponibilidade de suas soluções.
Em alguns casos, complementa a empresa da Maçã, os responsáveis optam por retirar seus apps das lojas para prevenirem problemas com a justiça local ou protegerem seus usuários. Ademais, Grindr e Scruff, ambos LGBTQ+, parecem estar no mundo todo, indica o 9to5Mac.
Por fim, alguns publishers deixaram de apresentar queixas à big tech ao descobrirem que suas aplicações "caíram" por acharem que a discussão não surtiria efeito, explica Ismail, que, ainda assim, reconhece: "outros nos disseram que não colocaram seus apps na China por temerem que isso causasse problemas (e possivelmente colocasse aplicativos inteiros em apuros, inclusive em mais países)."
Fonte: Tecmundo.