19 de jul. de 2025

A Apple pode saber que está grávida antes de dar conta

 A Apple tem investido muito nas tecnologias para a saúde e bem-estar. Os seus dispositivos são equipados com sensores dedicados à monitorização dos nossos sinais vitais. Como tal, os investigadores da empresa de Cupertino estão a treinar um modelo de IA para Apple Watch e iPhone que poderá prever uma série de alterações na saúde do utilizador com uma precisão impressionante de 92%. A gravidez é o teste mais bem-sucedido.

Ilustração de uma mulher grávida a usar Apple Watch

E se o seu Apple Watch pudesse atuar como um teste de gravidez alternativo?

Não para substituir um teste de sangue oficial, claro, mas talvez como uma forma de deteção precoce.

Um novo estudo apoiado pela Apple analisou dados de dispositivos vestíveis com IA e descobriu que o método previa se as participantes estavam grávidas com 92% de precisão.

Em vez de analisar apenas os dados biométricos, como o ritmo cardíaco ou a temperatura, o estudo também incluiu dados comportamentais. Isto significa a frequência com que se faz exercício físico, quando se dorme e o modo de andar, por exemplo.

A combinação tem um desempenho notável na previsão da gravidez. A gravidez resulta em mudanças substanciais... no comportamento de um indivíduo. Por conseguinte, esta tarefa constitui um exemplo claro da natureza complementar da modelação de ambos os tipos de dados.

Afirma o estudo.

Deteção de diabetes também foi bem sucedida

A previsão de diabetes foi a segunda mais bem-sucedida (82%), seguida de infeção (76%) e lesão (69%). O estudo ainda não foi revisto por pares e a Apple não anunciou planos para o utilizar, mas pode mostrar o potencial da IA para detetar novos padrões de saúde.

Este caminho poderá interessar não só à Apple mas também aos governantes. Como vimos recentemente, o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., diz que quer que “todos os americanos” tenham um wearable. (A Apple gostará disto!)

O modelo de IA, denominado “wearable health behavior foundation model” (WBM), foi treinado com dados comportamentais de 162 mil participantes e “mais de 15 mil milhões de medições horárias”, recolhidas através do estudo Apple Heart and Movement com recurso ao Apple Watch e iPhone.

Na componente dedicada à gravidez, foram analisados dados de 430 gravidezes autorrelatadas por 385 participantes, juntamente com dados de 25.225 participantes de controlo que não estavam grávidas.

As participantes consentiram na utilização dos dados. Instalaram a app Apple Research e deram o OK para o estudo. No entanto, a tecnologia e a privacidade da saúde das mulheres é uma questão espinhosa.

Apple terá de apertar o cerco mais ainda à privacidade

Algumas aplicações de monitorização da gravidez e do ciclo menstrual têm feito uso indevido dos dados das utilizadoras, e as mulheres mostram-se altamente céticas em relação a estas plataformas, concluiu um estudo.

Por exemplo, em 2023, a Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA multou a popular aplicação de ovulação Premom por vender dados de utilizadoras sem consentimento.

A confiança nestas aplicações diminuiu ainda mais depois de o Supremo Tribunal ter revogado o caso Roe v. Wade, devido a receios de que os dados pudessem ser usados para processar abortos em certos estados, segundo a própria FTC.

Resta saber se as mulheres chegarão a usar o Apple Watch para prever uma gravidez. No entanto, esta é uma área onde a Apple tem vindo a investir. No outono passado, a empresa adicionou o acompanhamento da gravidez aos seus dispositivos e, desde 2019, já disponibiliza o registo do ciclo menstrual na aplicação Saúde.

Fonte: Pplware