30 de mai. de 2020

Review | iPad Pro 2020 vai ser mesmo o seu próximo computador?

2020 marca os 10 anos de aniversário do iPad. Desde 2010, quando Steve Jobs subiu ao palco para apresentar ao mundo o primeiro tablet com o logo da maçã, muita coisa mudou. 
Naquela época, o executivo da Apple explicava que o iPad estava criando toda uma nova categoria de aparelhos para conectar os usuários com seus aplicativos e conteúdos de um modo “mais íntimo, intuitivo e divertido”. 
Pulando para 2020, a empresa lançou uma nova versão do iPad Pro com uma proposta diferente: ser o seu próximo computador. Além disso, o novo tablet parrudão conta até com um sensor de profundidade usado em carros autônomos e pela NASA.
O iPad sempre foi conhecido por ser um tablet super poderoso, principalmente na sua versão Pro. A Apple, inclusive, sempre bateu na tecla de que ele era mais potente do que muito notebook que roda Windows disponível por aí. No entanto, tudo isso tem um preço, e aqui, no caso do iPad Pro 2020, ele varia entre R$ 8.499 e R$ 15.249.
A versão mais recente do aparelho melhorou a experiência computacional, somando o conforto aos já conhecidos destaques da linha: tela, bateria e alto poder de processamento. Um dos grandes destaques desta vez fica por conta de um acessório que foi lançado junto do iPad Pro, o Magic Keyboard. 
Magic KeyboardMagic Keyboard para iPad Pro 
Além do teclado com mecanismo tesoura, já conhecido de quem usa MacBooks, ele também conta com um trackpad e uma porta USB-C própria para recarga. Além de fazer as vezes de capa e proteger a parte da frente e de trás do aparelho, o Magic Keyboad tem um design articulado suspenso em que o iPad Pro fica preso magneticamente, como se estivesse flutuando sobre o teclado, e ainda é possível ajustar o ângulo de visualização da tela. 
O problema é que só esse acessório custa R$ 3.000 para essa versão do iPad que estamos testando, a de 12,9 polegadas. Além disso, acho que esse acessório merece uma análise para chamar de sua. 

Design, display e multimídia

Falando especificamente do iPad Pro 2020, ele chegou ao mercado brasileiro nas cores prateado e cinza-espacial, e também em dois tamanhos, 11 e 12,9 polegadas. 
Olhando de frente, o aparelho é muito parecido com o que vimos na versão 2018 do iPad Pro: uma tela gigante com bordas relativamente finas ao redor, e um design bem enxuto quando olhamos de lado.
A tela continua sendo uma Liquid Retina com a tecnologia ProMotion, que tem uma taxa de atualização que se ajusta a até 120 Hz, e o True Tone, que equilibra os brancos da tela para melhorar a visão e se adequar à luz do ambiente. Já a câmera TrueDepth frontal permite usar o Face ID para autenticação facial.
Ipad ProiPad Pro 2020 (Imagem: Derek Keller/TecMundo)
Mas quando vamos para a parte traseira do tablet, a coisa muda. Aqui lembramos mais do iPhone 11 Pro, com esse conjunto de câmeras duplas na moldura e a presença do scanner LiDAR. Na parte lateral, que fica para cima quando ele está apoiado em um case, temos a faixa magnética para a Apple Pencil, e o modelo que testamos possui uma bandeja para nano SIM.
Na parte inferior, temos o único conector do aparelho, um USB-C para recarga e também para usar alguns periféricos, fones de ouvido, adaptador, telas ou até mesmo conectar a outro computador para sincronizar o iTunes, por exemplo. 
O iPad Pro 2020 conta com cinco microfones, sendo três na parte superior e um em cada lateral. Os quatro alto-falantes também se distribuem na parte de cima e de baixo, sendo que os graves vão para todos os falantes e as frequências médias e altas saem dos alto-falantes superiores. Isso significa que o som estéreo fica garantido independente de como você segure o iPad.
iPad Pro 2020 e iPhone 11 Pro iPad Pro 2020 e iPhone 11 Pro Max (Imagem: Derek Keller/TecMundo)

Alto poder de processamento

O armazenamento interno do iPad Pro varia entre 128 GB e 1 TB. Apesar de a Apple não revelar oficialmente, os novos modelos possuem 6 GB de RAM, um aumento em relação aos 4GB da versão 2018 do iPad Pro.
Já o chip A12Z Bionic permite trabalhar com uma fluidez impressionante. Ele possui oito núcleos, sendo quatro deles focados em desempenho para lidar com tarefas computacionais pesadas, e outros quatro núcleos de alta eficiência para executar tarefas diárias. 
Graças ao já conhecido Neural Engine, o chip da Apple consegue fazer até 5 trilhões de operações por segundo.  A GPU do novo iPad Pro também possui oito núcleos para melhorar o desempenho gráfico.  Nos testes do Geekbench 5, o iPad Pro marcou 4.720 no desempenho geral mulicore e 1.126 no single core.
Mas falando sobre aplicações da vida real, é possível trabalhar com projetos 3D, editar vídeos em 4K, transitar entre vários apps sem engasgos, tudo numa velocidade impressionante. Dá até para exportar vídeo 4K em poucos segundos. 

Suporte para mouse e trackpad (iPadOS)

Preciso dizer que parte dessa melhora na experiência do usuário deve ser atribuída ao iPadOS 13.4. Disponível também para outras versões do iPad, o update trouxe um grande recurso para os usuários: a possibilidade de conectar um mouse ou um trackpad Bluetooth ao iPad e usar um cursor para navegar pelo sistema. 
Durante nossos testes, usamos o lápis Logitech Crayon como uma alternativa à Apple Pencil. Apesar de não ser fabricado pela própria Apple, o produto também está disponível na loja oficial da Maçã e é um pouco menos cara do que a Apple Pencil. O acessório oferece os mesmos recursos, mas não tem a opção de grudar no corpo do iPad. 
iPad Pro 2020iPad Pro 2020 com lápis Logitech Crayon (Imagem: Derek Keller/TecMundo)
Para conectar um mouse, também é muito simples. Basta ligar o acessório Bluetooth perto do iPad, ir até o menu de Ajustes > Bluetooth > Procurar pelo acessório e parear. O mesmo funciona para trackpads.
Depois de parear seu acessório, um cursor vai aparecer na tela e tornar sua experiência muito mais próxima da de um PC. O cursor aparece como um círculo, mas se adapta ao conteúdo, se transformando em um ponteiro em forma de "I" nas áreas de texto, por exemplo. Detalhe frustrante: o Google Docs ainda não suporta a seleção de texto. 

Câmeras

Enquanto a câmera frontal para o FaceID do iPad Pro 2020 tem 7 MP e consegue fazer fotos com o modo retrato, o conjunto duplo traseiro não permite desfocar o fundo das imagens, mesmo trazendo o sensor de profundidade usado pela NASA. 
Tudo bem que o foco dos tablets não é fotografia, mas já que a Apple colocou uma grande-angular de 12 MP e uma secundária de 10 MP com o plus de um sensor LiDAR, era o mínimo a se esperar, né? No final das contas, as fotos são boas, conseguindo certa riqueza de detalhes em determinados ambientes, mas nada de modo noturno por aqui.
O novo iPad Pro também grava vídeos em 4K a até 60 fps e faz time-lapse com estabilização de imagem. O resultado é satisfatório...para um tablet.

Scanner LiDAR

Agora vamos falar de um recurso curioso e que, de acordo com as línguas nervosas do mercado, também vai chegar ao iPhone 12: o LiDAR. Essa sigla vem do inglês "Light Detection and Ranging" e o que esse scanner faz é calcular distâncias medindo o tempo necessário para a luz atingir um objeto e voltar.
Nós, que trabalhamos com tecnologia, já estávamos acostumado a ver o LiDAR sendo usado em projetos grandiosos, como as missões da NASA para Marte e em carros autônomos. No iPad Pro, a Apple usou esse scanner para medir a luz refletida entre 30 centímetros até cinco metros de distância, tanto em ambientes fechados quanto ao ar livre. 
Mas o que isso significa na prática? Mais precisão e velocidade na hora de medir a profundidade e usar recursos de realidade aumentada, por exemplo. Isso possibilidade que aplicativos de AR consigam identificar o posicionamento de objetos instantaneamente. 

Essa combinação entre o LiDAR, as câmeras, os sensores, a tela e o processador do iPad Pro oferecem oportunidades incríveis para os desenvolvedores usarem e abusarem da realidade aumentada, mas por enquanto já podemos testar experiências de colocar objetos na nossa sala de uma forma super rápida. Ou jogar games tipo Angry Birds.

Basicamente, ainda não vale a pena pagar uma fortuna no novo iPad apenas pelo LiDAR, uma vez que as aplicações ainda são limitadas, e isso depende muitos dos desenvolvedores usarem sua criatividade para lançar aplicações que tirem o melhor que a tecnologia tem a oferecer. Saindo do campo da diversão, profissionais que precisam medir espaços ou fazer demonstrações de decoração ou construções usando realidade aumentada, por exemplo, podem ver mais vantagem aqui.

Bateria

Outro dado que a Apple não divulga oficialmente é a capacidade da bateria, mas sempre existem ferramentas de terceiros para descobrir esses números. No caso do iPad Pro 2020, são 9.720 mAh que prometem até 10 horas de navegação na internet via Wi-Fi ou assistir vídeos.
Consegui matar essas horas usando o tablet da Apple de maneira mais intensiva, com textos, imagens, reprodução de vídeos, multitarefa, jogos, periféricos conectados e tudo o que tinha direito. Ainda não consegui tentar usá-lo como minha principal ferramenta de trabalho, porque estou sem nenhuma capa com teclado, o que dificulta a rotina.

Vale a pena?

Não dá para negar que o iPad Pro 2020 é uma máquina e o melhor tablet disponível atualmente no mercado. Para alguns tipos de usuários, o conjunto completo com o Magic Keyboard realmente consegue transformá-lo em um laptop, com a flexibilidade de um tablet. O problema é: ele é caro.
O scanner LiDAR é um diferencial, trazido diretamente dos projetos grandiosos para um dispositivo portátil, que você pode ter na sua casa. Mas, por enquanto, seu grande uso está em aplicações de realidade aumentada, algo extremamente nichado. Pode ser muito útil para profissionais que precisam fazer projetos 3D, medições, arquitetos, decoradores, enfim. 
Criadores de conteúdo também não vão ter nenhuma reclamação na hora de usar o novo iPad Pro para mexer com edição de imagem, por exemplo, mas quem quiser ter o kit completo, com um iPad de 12,9 polegadas, Apple Pencil e o tal Magic Keyboard com trackpad, vai ter que desembolsar uns R$ 15.000. Se levarmos em consideração que o Dell XPS, um notebook premium com tela 13 polegadas custa cerca de R$ 13.000, fica aí a escolha e as prioridades de cada usuário.

Fonte: Tecmundo.