É velha a tática de "picar" o concorrente ou adversário quando há uma ameaça concreta, ou velada, ao produto/serviço comercializado. Quem não se lembra do que fez a Apple à IBM? Da campanha "Get a Mac" quando a empresa de Cupertino piscava o olho aos utilizadores Microsoft? Mais tarde, com o iPhone já singrado no mercado, vimos a Samsung, Microsoft, a Intel e várias outras marcas a "gozar" sobre algo... que depois algumas até acabaram por "copiar". Agora foi a vez da Garmin!
Esta é uma das mais preponderantes empresas no ramo dos produtos de consumo baseados na tecnologia GPS. No caso em particular, falamos possivelmente dos smartwatches mais avançados para a prática desportiva. Mas o Ultra da Apple... mexeu com eles!
Apple Watch Ultra já "incomoda" a indústria dos duros?
A Apple apresentou no passado dia 7 deste mês o Apple Watch Ultra. O primeiro smartwatch da empresa para um segmento mais "todo-o-terreno" onde são exigidos mais recursos, mais sensores, mais funcionalidades e, acima de tudo, mais bateria.
A Apple equipou-o com uma caixa em titânio, muito resistente, GPS de dupla frequência e alta precisão, uma bateria com autonomia até 36 horas (podendo ir até às 60 horas), certificação EN13319, que é uma norma técnica de testes para mergulho. Estes testes capacitam o Apple Watch Ultra para poder ser usado em mergulho até 40m.
Além disso, incluiu comunicações via satélite para SOS (via iPhone), sensores de deteção de acidente automóvel, deteção de quedas, sensores para ECG, sensores de temperatura, leitura do oxigénio no sangue, eSIM, sirene com 86 decibéis, estrutura capaz de aguentar temperaturas negativas até -20 °C ou calor escaldante do deserto a 55 °C... e muito mais.
O Apple Watch Ultra é certificado pelos aspetos relevantes MIL-STD-810H, usado para equipamentos militares e popular entre os fabricantes de equipamentos robustos.
O Watch Ultra também é certificado para WR100, o que quer dizer que pode ser usado para mergulho recreativo até 40 metros e desportos aquáticos de alta velocidade.
Além de tudo isto, o novo Ultra tem por trás um ecossistema invejável com um conjunto de ferramentas populares, como o Apple Pay, o Apple Music e uma loja de aplicações que nenhum outro smartwatch premium tem. Mas será que isto chega para "preocupar" a Garmin?
A Garmin tem seguramente dos melhores relógios multidesporto do mundo. Estas características que o Ultra apresenta, muitas delas fazem parte da oferta da Garmin. Mas mesmo assim, a empresa sabe que a Apple tem uma legião de potenciais novos utilizadores que, embora vejam no Apple Watch convencional uma opção para fitness e para o dia a dia, vêm neste outros desafios maiores, alguns onde ainda são do domínio da Garmin.
O software da Garmin não é tão popular e refinado como o da Apple, apesar de ser completo, mas não tem ecossistema, e o Apple Watch tem. Então, nada como "bater" na Apple no ponto mais fraco: a autonomia.
Garmin: Medimos a vida útil da bateria em meses. Não Horas
Não há dúvidas que, por exemplo, um Garmin Enduro 2, que ronda os 1600 euros, até tira tinta ao Ultra, ao passar por ele. Mas já tem de passar por ele! Claro, a bateria do Ultra, de 36 horas em modo completo ou 60 horas em modo performance controlada, está ainda muito aquém dos até 34 dias de autonomia do Garmin.
A verdade é que a marca sentiu que está agora na mira da gigante americana líder no segmento dos smartwatches. Como tal, após o lançamento do Apple Watch Ultra, a Garmin, também americana, teve necessidade de reagir.
Num tweet, que promove o seu novo smartwatch Enduro 2, a empresa "goza" da duração da bateria do novo Apple Watch Ultra.
De acordo com as especificações para o Enduro 2, oferece até 34 dias de vida útil da bateria e até 46 dias utilizando uma função de carga solar.
No modo Battery Saver Watch, diz-se que a sua duração de bateria dura até 111 dias ou 550 dias com energia solar. No entanto, no modo GPS, a duração da bateria cai para 110 horas ou 150 horas com solar.
Enquanto o dispositivo Garmin oferece algumas características únicas para os seus utilizadores, o Apple Watch Ultra está certamente a invadir o seu segmento de mercado. Deve a Garmin ficar preocupada?
Fonte: Pplware.