A Apple é um das maiores empresa a recorrer às fábricas da China para produzir os seus produtos. Contudo, a gigante americana procura diversificar ainda mais a sua cadeia de fornecedores tendo em conta a conjuntura global da China, quer ao nível da saúde pública, quer das suas políticas governamentais.
O fabrico dos modelos topo de gama iPhone 14 Pro e Pro Max têm sido duramente atingido pelos problemas nas fábricas face às medidas das autoridades chinesas para controlar a Covid-19.
A China tem estado debaixo de protestos que já não se viam há mais de 30 anos. A política de tolerância zero, face à pandemia, tem provocado graves descontentamentos e a sociedade está em tumulto.
Estas manifestações, protestos e confrontos com as autoridades têm-se alastrado às fábricas e ao mercado em geral. Pequim, depois de endurecer as medidas, já mostrou que poderá ter de mudar a sua política relativa ao combate da pandemia.
Apple começa a olhar para o futuro fora da China
Nas últimas semanas, a Apple acelerou os planos para deslocar parte da sua produção para fora da China, o país dominante na cadeia de fornecimento que construiu a empresa mais valiosa do mundo, segundo informações de pessoas envolvidas nestes processos.
A empresa de Cupertino começou a indicar aos seus fornecedores para planearem mais ativamente a montagem de produtos Apple noutros locais da Ásia, particularmente na Índia e Vietname.
Segundo as informações, a Apple quer reduzir a dependência das fábricas de Taiwan lideradas pelo grupo Foxconn Technology.
A agitação num local chamado Cidade do iPhone ajudou a impulsionar a mudança da Apple. Na gigantesca cidade de Zhengzhou, China, cerca de 300.000 trabalhadores trabalham numa fábrica gerida pela Foxconn para fabricar iPhones e outros produtos Apple.
A certa altura, esta unidade passou a ser responsável por 85% da linha Pro dos iPhones, conforme relata a empresa de análise de mercado Counterpoint Research.
A fábrica de Zhengzhou foi palco de violentos protestos no passado mês de novembro. Conforme podemos ver no vídeo em cima, os trabalhadores reclamavam a opressão imposta pelas autoridades para levar a cabo a medida de tolerância zero, de combate à pandemia.
Após um ano de eventos que enfraqueceram o estatuto da China como um centro de produção estável, a agitação significa que a Apple já não se sente à vontade para ter tanto do seu negócio preso num só lugar, segundo os analistas.
Vendas do iPhone 14 Pro poderão ser prejudicadas pela baixa de produção
A Apple lançou o iPhone 14 e as suas vendas continuaram a ter um grande impacto, batendo mesmo recordes numa altura instável no mercado dos smartphones.
De acordo com Ming-Chi Kuo, analista do mercado Apple, as remessas de iPhone no quarto trimestre estão cerca de 10 milhões de unidades abaixo do que as projeções de mercado fizeram antes dos protestos em Zhengzhou.
Os modelos topo de gama iPhone 14 Pro e Pro Max foram particularmente atingidos, disse o analista.
A Apple e a China passaram décadas a unir-se numa relação que, até agora, tem sido, na sua maioria, mutuamente benéfica. A mudança não acontecerá da noite para o dia. A Apple continua a lançar novos modelos de iPhone todos os anos, juntamente com atualizações constantes dos seus iPads, computadores portáteis e outros produtos.
Basicamente, Tim Cook terá de continuar a pilotar o avião enquanto substitui um motor.
Portanto, se a atualidade obriga a uma reflexão, Kuo refere que a meta da empresa de Cupertino será transferir de 40% a 45% da produção de iPhones da China para a Índia. Além disso, o Vietname poderá abarcar mais o fabrico de outros produtos da Apple, como AirPods, Apple Watches e Macbooks.
Fonte: Pplware.