Já vimos muito tipo de utilizações para os AirTags. Desde maridos ciumentos a seguir as esposas, proprietários a vigiar os seus bens, animais de estimação etiquetados e até a passageiros que querem ter a bagagem debaixo de olho... já que as companhias aéreas não o fazem. Agora, colocar AirTags em pares de sapatos para saber o fim dos produtos doados... é a primeira vez. A investigação Reuters conta tudo.
Já vimos inúmeros casos de uso inteligente das etiquetas de localização de objetos AirTag da Apple, mas nada como este. Como parte de um relatório de investigação sobre práticas de reciclagem da Dow Inc. e do governo de Singapura, um repórter da Reuters plantou AirTags escondidos em 11 pares de sapatos doados.
A ideia era perceber se o processo de recolha de produtos para reciclar era de facto fidedigno. Contudo, como já se suspeitava, nem tudo o que parece... é!
A empresa petroquímica americana Dow Inc. e o governo de Singapura são acusados de não cumprirem acordo de reciclagem de sapatos desportivos (sapatilhas) para a construção de pavimentações dedicadas a espaços lúdicos, parques infantis e pistas de corrida no país asiático. A suposta fraude foi levantada na reportagem especial da agência de notícias Reuters, publicada no sábado, dia 25 de fevereiro.
A Dow disse que estava a reciclar os nossos sapatos. Encontrámo-los numa feira da ladra indonésia.
Diz a manchete da notícia no jornal.
A Dow lançou no passado esforços para reciclagem que ficaram aquém dos seus objetivos declarados. A Reuters queria seguir uma sapatilha doada do princípio ao fim para ver se, de facto, acabava em novas superfícies atléticas em Singapura, ou pelo menos chegava até uma instalação de reciclagem local para trituração.
A investigação começou com a doação de uns Nike azul ao projeto em julho de 2022. O AirTag foi colocado numa cavidade na sola interna e coberto com uma palmilha. O dispositivo estava na conta Apple do jornalista que o conseguia localizar através da Rede Encontrar (Find My).
Durante algumas semanas o par de sapatilhas partiu dos EUA e foi transportado pelo mar até a ilha de Batam. Ao comprovar o possível desvio, a Reuters fez a doação de mais 10 sapatos desportivos, todos com os localizadores. Nenhum deles foi transformado em pistas, playground e parques infantis em Singapura. Só um par não foi parar no arquipélago da Indonésia.
Os jornalistas viajaram até os destinos dos sapatos, que foram indicados pela aplicação. Portanto, eles encontravam-se em Jacarta, Batam, Bekasi, Banjarbaru e Medã. O par de sapatilhas que permaneceu em Singapura não teve como destino a empresa de reciclagem responsável pela trituração ou até mesmo algum espaço recreativo.
Portanto, todos os pares foram parar à feira da ladra, alimentado um mercado paralelo e que tinha um "financiamento" muito específico, o dar de graça para reciclar a favor dos mais desprotegidos em Singapura.
Fonte: Pplware.