2 de jul. de 2020

Google ainda paga milhões à Apple para ser o mecanismo de pesquisa predefinido no Safari

A Apple tem no seu ecossistema uma grande valia, tendo em conta que nenhuma outra empresa conseguiu criar um conjunto de ofertas desta magnitude. Como tal, muitas empresas pagam para estar dentro da vasta oferta Apple. Por exemplo, a Google pagou à Apple cerca de 1,5 mil milhões de dólares, ano passado, pela posição predefinida no Safari em utilização no Reino Unido.
Os reguladores britânicos estão a analisar um acordo de longa data entre Apple e Google. Em causa está o mecanismo de pesquisa predefinido no navegador da empresa de Cupertino.
Imagem motor de pesquisa Google no Safari da Apple
Não há a mínima dúvida que para lá de serem rivais e concorrentes, as duas empresas gigantes são parceiras. Ambas ganham milhões com a existência de serviços de parte a parte.
De acordo com um relatório atualizado compilado pela Autoridade de Concorrência e Mercadosdo governo do Reino Unido, a Google paga à Apple uma “maioria substancial” dos 1,2 mil milhões de libras esterlinas (cerca de 1,5 mil milhões de dólares) que paga todos os anos apenas no Reino Unido pelas chamadas posições padrão. Isto significa que este é o valor que a Google paga à outra empresa para o seu motor de pesquisa ser o predefinido no seu navegador.
O relatório diz que o acordo cria uma “barreira significativa à entrada e expansão” para os concorrentes do Google. O relatório também sugere limitar a capacidade da Apple de monetizar tais acordos ou oferecer aos utilizadores uma opção de mecanismo de pesquisa na configuração.
Imagem Safari com Google Search no macOS

Safari é muito lucrativo para a Apple

Desde há muitos anos que o Safari móvel conta com a pesquisa do Google. Como tal, esta parceria torna o iPhone num gerador de receita substancial para os negócios de anúncios para smartphones da Google. Assim, a gigante das pesquisas ganha uma enorme vantagem competitiva sobre a concorrência.
Em 2014, documentos judiciais revelaram um pagamento de mil milhões de dólares feito pela Google para garantir a posição padrão no Safari móvel nos EUA. Analistas estimam que este valor só tenha aumentado nos anos seguintes. A Apple beneficia muito com isso, com cerca de 9 mil milhões de dólares por ano com estes acordos de colocação. Contudo, a empresa de Cupertino nunca divulgou números concretos.
Os reguladores estão assim preocupados com o enorme acordo no Reino Unido. No ano passado, por exemplo, os números foram 50% maiores do que a Google pagou pela colocação nos EUA, há mais de seis anos. E estamos a falar numa região muito mais populosa. Tal negócio poderá sufocar a concorrência.

Concorrentes não podem pagar e ficam arredados

Os concorrentes do Google – embora poucos, como o Bing (da Microsoft) e o DuckDuckGo – na verdade, podem não estar em condições de pagar uma quantia tão grande por uma colocação privilegiada no navegador padrão do iPhone.
No relatório, pode ser encontrada, na página 13, informação relativa ao negócio:
Na pesquisa, a Google negociou acordos com a Apple e com muitos dos maiores fabricantes de telemóveis, ao abrigo dos quais paga uma parte das receitas de publicidade de pesquisa a estes parceiros em troca da Pesquisa Google que ocupa as posições de pesquisa padrão no dispositivo.
A escala destes pagamentos é impressionante e demonstra o valor que a Google atribui a estas posições padrão. Em 2019, a Google pagou cerca de £1,2 mil milhões em troca de posições padrão apenas no Reino Unido, a maioria substancial dos quais foi paga à Apple por ser a posição predefinida no navegador Safari.
Os motores de pesquisa rivais ao Google que falámos destacaram estes pagamentos por defeito como um dos fatores mais significativos que inibem a concorrência no mercado da pesquisa. Os consumidores acedem principalmente à Internet através de dispositivos móveis, que representam mais de dois terços das pesquisas gerais, uma percentagem que cresceu substancialmente nos últimos anos e que é provável que continue a crescer no futuro.
Portanto, agora, a Apple e a Google estão debaixo do escrutínio dos reguladores na UE e nos EUA. Estas gigantes começam a preocupar o mundo pelo seu poder, as chamadas Big Tech, que ofuscam qualquer outra empresa de menores dimensões.
Fonte: Pplware.