18 de mai. de 2021

Análise Apple AirTag: o melhor localizador de objetos para o iPhone

 A Apple deixou algumas pistas no passado que indicavam que iria lançar um dispositivo de localização e que o nome eventualmente seria AirTag. No fundo, seria um localizador como tantos outros que já existiam no mercado. Aliás, nós por cá já havíamos falado no Tile, na Lapa e noutros do mesmo naipe. Contudo, a Apple tinha e tem um trunfo para que esta nova rede de localizadores tenha algo mais a oferecer. Depois de termos testado durante algum tempo, esta é a nossa apreciação sobre os AirTags da Apple.

De forma simples, podemos dizer que os AirTags são muito fáceis de configurar e localizam com precisão os objetos perdidos.

Imagem AirTags da Apple

A Apple no passado recente desvendou o seu chip U1 e com ele uma série de novas funcionalidades relacionadas com a localização.

Um produto que foi anexado ao leque de dispositivos com esta tecnologia foi o AirTag. Estas etiquetas localizadoras trazem vários chips, entre eles o U1.

 

O AirTag muda o paradigma dos dispositivos de localização

O Apple AirTag é um dispositivo que veio para ajudar todos aqueles que se esquecem dos objetos, que os perdem, e que necessitam de ajuda para os localizar. Portanto, há um número vasto de possíveis utilizadores interessados. Assim, a Apple criou um localizador com uma estrutura maior que suporta este e outros dispositivos agregados a tecnologias que fazem parte da Rede Find My (em português de Portugal, a rede Encontrar).

Voltando um pouco atrás, no ano de 2010 a empresa de Cupertino criou uma plataforma que se chamava Find my iPhone. Neste sistema, tinha um serviço de monitorização dos seus dispositivos, como o iPhone e iPad (mais tarde acrescentou o Mac na rede Find My Mac).

Imagem iPhone 4S com Find my iPhone

App Find my iPhone (Encontrar iPhone) que antecedeu o sistema que hoje está em funcionamento

Na base desta plataforma estava a aplicação Find my iPhone que ao longo dos anos se estendeu a vários dispositivos iOS, computadores Mac, Apple Watch, e AirPods. A par desta plataforma, a Apple tinha o Find my Friends. Em 2019, fundiu a plataforma Find My iPhone com a Find My Friends no iOS 13 e iPadOS 13.

Então, nessa altura, a plataforma foi rebatizada e nasceu a plataforma Find My (Encontrar, em português de Portugal).

Este foi o caminho para o aparecimento da Rede Encontrar. Esta rede integra agora a localização de Pessoas, de Dispositivos e de Objetos.

 

App Encontrar é a base da Rede Encontrar

Na localização de Pessoas está compreendida a partilha da localização permitida por utilizadores que queiram permanentemente ou temporariamente disponibilizá-la. Por exemplo, os membros da família podem estar neste grupo onde todos sabem a localização de todos (quando estes usam o iPhone ou iPad com o recurso ativo).

No caso da categoria Dispositivos, continuam a fazer parte a localização dos aparelhos Apple, como o iPhone, o iPhone, Apple Watch, Macs e AirPods.

Já no caso dos Objetos, local onde foram implementadas as maiores novidades, após o lançamento dos AirTags podemos encontrar estas etiquetas localizadoras (com os objetos a elas agarrados) e podemos adicionar outros objetos suportados.

Ora, é neste último que a Rede Encontrar se expande para fora do âmbito Apple. Isto é, agora objetos de terceiros podem incluir a tecnologia de localização Apple (fazer parte da Rede Find My) e a possibilidade de serem localizados com o sistema da empresa de Cupertino.

Há, por agora, dois exemplos populares, que são as concorrentes dos AirTags: o Chipolo ONE Spot e as bicicletas elétricas VanMoof S3 e X3.

 

Mas qual é o trunfo desta Rede Encontrar?

O sistema é fácil de explicar. Se tivermos um objeto com um AirTag preso, e o perdermos, vamos à app Encontrar e, nesse AirTag, ativamos o Modo perdido. A partir deste momento, milhões de iPhones no planeta estão aptos a enviar informações anónimas para a rede Encontrar sempre que se cruzarem com a AirTag.

Este é o principio de qualquer sistema que use as etiquetas localizadores. Mas, noutros casos, como, por exemplo, no Tile, só os utilizadores que têm a app instalada no smartphone é que estão aptos a dar informações ao proprietário do objeto perdido. Nesta rede da Apple são milhões de iPhones.

Vários dispositivos de localização que usam sistemas idênticos e outros que usam plataformas mais evoluídas.

Se uma pessoa com um iPhone passar ao lado do objeto perdido com um AirTag, sem essa pessoa sequer desconfiar, o seu iPhone enviará, de forma totalmente anónima, dados que identificam o AirTag e a sua localização.

Mas atenção, somente o proprietário desse AirTag saberá que foi detetado e está no sítio referido pelas tais coordenadas partilhadas anonimamente.

Mas há ainda outra situação. Se alguém encontrar uma mochila, por exemplo, que tenha um Airtag agarrado, a pessoa poderá “ler” informação disponibilizada pelo proprietário usando NFC. Isto é, sendo um Android ou um iPhone, basta aproximar o AirTag à traseira do smartphone e poderá ser apresentado um endereço.

Ao clicar nele, o utilizador irá receber uma página onde é possível ler a tal mensagem (que pode ser um número de telefone) e informação da Apple sobre o que foi descoberto.

Imagem AirTag com smartphone Android

 

Conhecer melhor os AirTags

O AirTag tem um formato redondo, pouco maior que uma moeda de dois euros e traz uma parte plástica (invólucro) e uma parte metálica (a tampa) que traz o logotipo da Apple e as inscrições normais de criação e fabrico. Na parte da cápsula em si, vem a placa eletrónica com as diversas tecnologias, como o chip U1 para UWB ou o BLE (Bluetooth Low Energie, ou Bluetooth de baixo consumo) e a fonte de alimentação que é uma pilha tipo botão, uma CR2032.

Esta pilha é fácil de substituir. Retirando a tapa do AirTag, facilmente se troca a bateria gasta por uma nova.

Vida útil da bateria: O AirTag usa uma bateria de célula tipo moeda CR2032 padrão, que, segundo a Apple, dura mais de um ano. Claro que a Apple poderia ter escolhido uma bateria recarregável. Contudo, o tamanho do localizador seria seguramente maior… ou teria uma durabilidade muito inferior.

A Apple vende este dispositivo individualmente no seu site por 35 euros, ou num pacote de 4 unidades ao preço de 119 euros. Na encomenda, o utilizador pode gravar umas inscrição na parte traseira do dispositivos.

Depois de adquirido e recebido o AirTag, este vem numa caixa ao estilo do que a Apple nos habituou, onde aparece o dispositivo e folhetos informativos de utilização. Existe uma banda plástica a revestir o Airtag, que faz o corte de energia entre a pilha e a eletrónica.

Removida esta banda plástica, automaticamente o dispositivo dá sinal de vida e o iPhone mais perto recebe indicação do acordar do AirTag. A partir daqui, segue-se a configuração do dispositivo com a inclusão do mesmo dentro do ID Apple do utilizador.

É importante frisar que cada ID Apple pode no máxima emparelhar 16 AirTags.

 

Como emparelhar o AirTag ao ID Apple

Quando o iPhone deteta a presenta do AirTag, ele dispara uma janela de identificação do objeto detetado e parte para o emparelhamento do mesmo. Nessa altura, a Apple solicita que seja atribuído um nome AirTag, que seja registado num ID Apple e que seja associado a um número de telefone.

Com o dispositivo já dentro do nosso ID Apple, podemos ter acesso a várias ações de localização através da aplicação Encontrar e podemos mesmo ter acesso ao dispositivo “perdido” com uma nova funcionalidade chamada Localização exata.

 

Desempenho

Como outros localizadores de chaves e localizadores de objetos, o AirTag oferece conectividade Bluetooth para localização por proximidade. No entanto, este gadget da Apple vai um passo além com banda ultra larga (UWB). Assim, se o utilizador possuir um iPhone 11 ou iPhone 12 , ambos com chip U1, poderá usar o recurso Localização exata do AirTag.

Com esta nova funcionalidade, que é uma espécie de bússola digital, o iPhone usa a UWB para determinar a distância e direção do objeto perdido. Depois, analisa o caminho até ao destino recorrendo à câmara do seu telefone, ARKit, acelerómetro e giroscópio.

Quando se juntam todos estes recursos, o utilizador obtém pistas visuais, táteis e de áudio para direcioná-lo ao seu objeto perdido.

A Apple afirma que o AirTag oferece um alcance de cerca de 10 metros, mas isso dependerá de muitos outros fatores.

É interessante notar que, conforme me aproximava do AirTag, a seta mexia-se para apontar na direção correta e o iPhone vibrava. Como a mochila estava escondida debaixo de algumas outras coisas, para tentar descobrir acionei a opção Reproduzir som. O som não é tão alto como outras tags que testamos, mas ajudou a mostrar com certeza onde se encontrava a mochila perdida.

Este sistema funciona relativamente bem. Contudo, temos de ter alguma paciência para deixar o sistema analisar o ambiente ao seu redor e detetar o Airtag.

Ilustração do uso da Airtag para stalking

 

Privacidade e perseguição (stalking)

Como é fácil de perceber, com esta capacidade de localização “quase em tempo real”, a tecnologia poderá ser usada para vigiar e/ou perseguir alguém colocando um Airtag num qualquer objeto de uso corrente. No entanto, a Apple pensou nisso e desenvolveu uma série de salvaguardas no AirTag para proteger a privacidade de terceiros e evitar a vigilância e perseguição (stalking). Não obstante ao que foi feito, na nossa opinião é ainda uma área na qual a Apple poderá melhorar.

Em termos de privacidade do proprietário do AirTag, a Apple desenvolveu um sistema capaz. Por exemplo, só o utilizador pode ver onde o seu AirTag está e os seus dados de localização e histórico nunca são armazenados no AirTag. A Apple também diz que todos os dados de localização são criptografados e que não sabe a localização do seu AirTag.

Para desencorajar a localização de pessoas, o nosso iPhone pode notificar-nos se um AirTag (que não o nosso) está durante um tempo determinado a “viajar” connosco. Como medida cautelar, ao ser detetado, a “vítima” pode obter instruções sobre como desativá-lo.

Um AirTag que está separado do seu proprietário por um período de tempo não especificado começará a reproduzir um som quando for movido, alertando as pessoas ao redor da sua presença. Infelizmente, a Apple não especifica quanto tempo leva para receber esse alerta de segurança, o que é preocupante. Além disso, assim que chegar a casa, a pessoa “vigiada” também receberá um alerta de segurança, caso um AirTag não registado para essa pessoa seja detectado.

Há outros cenários em que o AirTag se anuncia quando está num modo fora do enquadramento “legal”. Até um Android tem a possibilidade de receber um alerta da presença de um AirTag “estranho”, mas há ainda alguns parâmetros que necessitam de mais tempo para se entender. Observe que o utilizador só receberá um alerta se estiver a executar no seu iPhone o iOS 14.5 ou superior.

Em resumo, estamos a falar de um dispositivo que, pela quantidade de iPhones no planeta, se tornará no localizador com a maior comunidade. Tem pontos que pode melhorar, como o aspeto, e poderia ser útil fazer um ping no AirTag para o iPhone, como outras marcas disponibilizam.

Por fim, e tendo em conta o tamanho da rede e a localização tão expedita, a Apple terá de trabalhar mais o aspeto da privacidade.

Apple AirTagFonte: Pplware.