9 de ago. de 2021

Carta com 6 mil assinaturas pede que Apple não analise fotos


 Apenas quatro dias após anunciar que iria analisar fotos do iCloud para identificar abuso infantil, a Apple começou a receber uma enxurrada de críticas de usuários e especialistas de privacidade. O movimento culminou na criação de uma carta aberta de protesto, disponibilizada em site especial, endereçada diretamente à Apple e com mais de 6,2 mil assinaturas no momento do fechamento desta matéria.

Embora reconheça o caráter bem-intencionado das ações propostas pela empresa, visto que o tema constitui uma séria questão mundial, elas abrem um perigoso precedente no ecossistema que regula os direitos fundamentais de privacidade dos clientes. Por utilizar tecnologia de aprendizado de máquina, diz o documento, a iniciativa pode ser capaz de decodificar a criptografia de ponta a ponta.

O sistema idealizado pela Apple para proteger as crianças prevê o uso de um hash (algoritmo matemático) para comparar as fotos armazenadas pelos usuários no iCloud a um banco de dados de material de abuso sexual infantil (CSAM) já conhecido. O processo ocorre no próprio dispositivo antes do upload.

O que diz a carta aberta à Apple?

Citando especificamente, em seu início, as novas medidas tecnológicas para implantação em todos os dispositivos da Apple sob a égide “Proteções expandidas para crianças”, a carta afirma que a iniciativa poderia “transformar cada iPhone em um dispositivo que examina continuamente todas as fotos e mensagens que passam por ele para denunciar qualquer conteúdo questionável às autoridades”.

Os redatores do documento explicam que a tecnologia proposta pela empresa de Cupertino para implementar suas medidas protetivas depende de um tipo de infraestrutura expansível que não pode ser tecnicamente monitorada nem controlada. Dessa forma, não se trata apenas de privacidade, mas do risco de falta de responsabilidade, análise e reconhecimento de potenciais erros e falsos positivos.

Face ao exposto, os signatários exigem que a Apple interrompa imediatamente a implantação da tecnologia, emitindo uma declaração de compromisso com privacidade dos seus usuários.

Fonte: Tecmundo.